Ao andar pelas ruas de Goiânia ou de qualquer
outra capital brasileira é perceptível a crescente fortificação de residências,
condomínios horizontais e verticais, comércios e prédios de empresas, que a
cada dia investem pesadamente em sofisticados aparatos de segurança privada.
Esse fenômeno de transformação do lar ou do local de trabalho em verdadeiros
bunkers é o reflexo direto da sensação de medo e insegurança, causada pelo
colapso da segurança pública, que não consegue responder à altura ao avanço da
violência em Goiânia.
A onda pela procura de serviços de segurança privada também remete a outra
questão polêmica, que é a participação de políticos ou agentes públicos ligados
à segurança pública que são donos ou sócios de empresas que prestam serviço
privado nesta área. Trata-se de uma situação paradoxal, pois aqueles que
deveriam trabalhar pela segurança por meio do Estado estariam se beneficiando
justamente da precariedade e das falhas do sistema de segurança ofertado pelo
governo, que, aliás, arrecada alto graças à pesada carga tributária imposta ao
contribuinte brasileiro.
Em Goiás existem 83 empresas autorizadas a
prestarem serviços de segurança em seus diferentes ramos, como escolta armada,
transporte de valores, segurança pessoal, segurança eletrônica, de eventos e
patrimonial. De acordo com o Sindicato das Empresas de Segurança Privada, de
Transporte de Valores e de Cursos de Formação do Estado de Goiás (Sindesp-GO),
em todo o Estado cerca de 14 mil profissionais trabalham na área, sendo que
outros 22 mil teriam certificação para atuarem.
O número dos que trabalham no setor é maior do que o efetivo total da Polícia
Militar de Goiás, que hoje conta com pouco mais de 12 mil militares em suas
fileiras, responsáveis pelo policiamento preventivo e ostensivo. Os
profissionais que estão aptos a trabalhar como seguranças totalizam quase o
dobro do quadro geral da corporação goiana.
Nas mais de 80 empresas do ramo de segurança privada que operam em Goiás, não
há comprovação documental de que políticos, oficiais da Polícia Militar, Bombeiros
Militar ou delegados de polícia sejam proprietários de alguma delas. Há, porém,
cônjuges de agentes ligados à segurança pública que ocupam cargos de diretoria
em duas empresas: Escudo Segurança e Vigilância Ltda, que tem como diretora
Eunice Regina Costa Machado, mulher do delegado aposentado e deputado estadual
Marcos Martins Machado (PSDB); e Diagonal Segurança e Vigilância Ltda, em que
Tânia Sarah Nunes de Azevedo Romanowski, mulher do coronel reformado da PM
Richard Félix Romanowski, também ocupa cargo de diretoria.
Será que o povo tem dinheiro para ficar
gastando com segurança privada? E a segurança pública que é de direito do
trabalhador, não existe. Salvo aqueles que estão dispostos a desembolsar mês a
mês uma quantia significante a uma pessoa sem renda, para este tipo de “luxo”,
ou seja, o governo sempre terá sua segurança, o executivo, o empresário, vão
ter estas condições, e o pobre que continue sendo assaltado. Passou da hora do
governo tucambalacho mudar sua postura com o povo.
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