A partir da promulgação da Carta Cidadã em 1988, o Brasil voltou a viver uma democracia plena, com respeito as liberdades individuais, a separação dos poderes e o fortalecimento das instituições. Isso, pelo menos, em tese. Considerada a maior democracia do mundo, o Brasil experimentou no último mês o ápice desse regime de governo e mais de 112 milhões de brasileiros foram às urnas escolher o presidente da república pelos próximos quatro anos. Nos estados da federação foi a mesma festa da democracia e em Goiás não foi diferente: Marconi Perillo (PSDB) foi reeleito para um quarto mandato com o sufrágio de 1.750.977 goianos. Isso representou 57,44% dos votos válidos e apenas 40,44% de todos os eleitores aptos a votarem no estado, muito aquém da maioria absoluta. O que nos chamou a atenção foi a grande abstenção: mais de 932 mil eleitores não compareceram para a festa cívica e outros 349 mil optaram por anular seus votos. Num estado onde a demanda pela boa prestações dos serviços públicos é uma realidade, causa preocupação que mais de 1,28 milhões de eleitores preferiram, simplesmente, ignorar os problemas que afligem todos os goianos, como segurança, saúde e educação. O artigo 6º da Lei 4.737/65 estabelece que é obrigatório o alistamento para o voto e àquele que deixar de fazê-lo e não se justificar perante o juiz deverá pagar multa (Art. 7º) e será privado, caso não se justifique, de uma série de direitos civis. Mesmo com a exigência legal, muitos goianos preferiram não participar do pleito. Esse fato levanta indagações que devem nortear as ações da mídia e da classe política como um todo. Por que tamanha abstenção? Por que o eleitor, depois de 29 anos da abertura política no país, preferiu manter-se à margem de decisões tão importantes para o futuro do país e do estado? O que é causa e o que é efeito: a omissão dos eleitores leva a políticos oportunistas e ruins ou políticos oportunistas e ruins levam a descrença do eleitor e consequente omissão por parte destes? Independente do resultado, que a nosso ver foi desastroso para o Estado de Goiás, a democracia foi a grande vencedora, muito embora seja importante um trabalho de conscientização do eleitor, não no sentido de fazer prosélitos a esse ou aquele partido, mas de sua responsabilidade no processo democrático da nação. A imprensa livre, o que infelizmente não se viu em Goiás, é outro fator que deve ser indelevelmente preservado para que se aprimore o regime democrático e se construa uma sociedade mais justa e fraterna. Parabéns aos que votaram com consciência e reflexão aos que não compareceram, já que o fortalecimento da democracia é um dever de todos.
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