Reforma Administrativa de Marconi pode desagradar aliados e provocar retaliações.
Apesar do discurso carregado de arrogância, pretendendo mostrar altivez, Marconi Perillo não pode negar que sua reeleição ao governo de Goiás deve-se, e muito, à política da cooptação e das promessas. Ao anunciar a reforma administrativa que extinguirá seis secretarias e aproximadamente 16 mil cargos, atualmente ocupados por comissionados e temporários, Marconi reduz drasticamente sua capacidade de atender aos aliados. É verdade que o governador de Goiás não está em campanha e nem disputará a reeleição daqui a quatro anos, mas ainda não é autônomo o suficiente para bater no peito e dizer "quem manda sou eu". Marconi ainda é Marconi. Governador da propaganda, Perillo foi a campo buscar apoio baseado, sobretudo, em promessas. Quem o apoiou, e não foram poucos, pretende ser recompensado com seu naco na administração. A demissão de 16 mil comissionados não é tão simples como parece. Cada um desses "barnabés" tem um padrinho que perderá espaço e, concomitantemente, poder na divisão política do estado. Isso não vai sair barato. A sensação de traição será a tônica e é possível que as retaliações virão na mesma proporção dos cortes. Marconi já não precisa parecer bonzinho, e seu primeiro discurso depois da reeleição deixou bem claro isso, mas ele ainda deve satisfação aos apoiadores, principalmente àqueles que têm mandatos. A aprovação dos projetos da reforma administrativa necessitará de habilidade política e recompensas. Sem cargos para o escambo, como Perillo pretende conseguir o apoio da turma? Embora agachada, a Assembléia Legislativa é a única trincheira entre o STJ e o governador de Goiás. O Presidente da Corte, Francisco Falcão, já avisou que pretende dar celeridade ao julgamento das ações envolvendo autoridades e é bem possível que o Superior Tribunal de Justiça venha bater às portas da ALEGO pedindo autorização para processar e julgar o Governador de Goiás. Deputado contrariado é um perigo. Os prefeitos que apoiaram Perillo entram em fase de campanha pela reeleição ou, se não, querem a parte que lhes competem na repartição do bolo. Com o estado quebrado, com déficit acumulado na conta centralizadora do estado que ultrapassava R$ 526 milhões ao final de 2013 e uma dívida consolidada que vai além de R$ 22 bilhões, Marconi pode muito pouco para agradar seus aliados. A reforma é necessária, mas é preciso saber se os fisiológicos que compõem a base do governador estarão dispostos à prática do altruísmo.
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