Um dos pilares da democracia, a imprensa livre foi a grande responsável pelos inúmeros avanços e conquistas dos direitos individuais dos brasileiros. Sem ela os direitos das pessoas passam a ser limitados e a tirania se instala. No Brasil, e principalmente em Goiás, assistimos a mídia em geral servindo de cabo eleitoral dos poderosos e mandatários que se perpetuam no poder, justamente pela conivência daqueles que deveriam, em tese, zelar pelo livre discernimento do povo como um todo. Quando a imprensa tendencia para favorecer os poderosos, a democracia se torna manca, um arremedo de liberdade que escraviza e aliena o cidadão de bem, favorecendo sobremaneira os corruptos que vivem se locupletando do erário. Goiás vive dias de vergonha e de preocupação. Vários diários se engajaram na campanha do governador de Goiás, candidato a reeleição pela terceira vez, ou seja, em busca do quarto mandato. Marconi Perillo, desde a deflagração da Operação Monte Carlo da PF, que desbaratou a quadrilha comandada por Carlos Cachoeira e estava arraigada dentro do poder central do estado, soube como ninguém arregimentar a imprensa para que fizesse o papel de cabo eleitoral. Acusado de pertencer a organização criminosa, Perillo, desde então, não poupou recursos para abastecer os meios de comunicações em Goiás. Foram R$ 500 milhões, em três anos e meio, distribuídos à mídia goiana o que reduziu, sensivelmente, a repercussão do envolvimento do governador de Goiás no maior escândalo de corrupção de toda história do estado. Agora, em plena campanha, a mídia goiana se comporta como verdadeiro cabo eleitoral de Perillo. Jornais diários, blogs e sites, além de rádios e televisões, já nem disfarçam mais e se assumem marconistas sem nenhum constrangimento. Jornalistas, outrora respeitados, jogam suas biografias no esgoto assinando artigos e editoriais absolutamente tendenciosos, como se fôssemos todos analfabetos funcionais, incapazes de percebermos a direção de seus escritos. Pesquisas fajutas e contraditórias são publicadas quase que diariamente, trazendo, sempre, Perillo à frente. E essas pesquisas cumprem uma estratégia elaborada, o que nos permite crer que foram concebidas a um certo tempo para que, na suposta evolução dos números, parecessem verdadeiras. A cada rodada, mantendo uma coerência entre si, entretanto distante da realidade, as famigeradas pesquisas buscam manipular a opinião pública, lançando factoides para suplantar os fatos. A mídia cooptada trata de espalhar a farsa, os "canetas pagas", intitulados analistas, põem-se em campo, dando uma falsa verosimilhança aos números mentirosos. Numa outra ponta, sites e blogs pelegos, mantidos por fisiologistas, preocupados apenas com o próprio umbigo, "contextualizam" as matérias viciadas para que, em seguida, um exército de seguidores do rei a repliquem nas redes. Nessa prática criminosa de se manipular a verdade, os sofismas (uma mentira, propositalmente maquiada por argumentos verdadeiros, para que possa parecer real) são construídos e estrategicamente disseminados, onde uma meia verdade é sempre inserida na notícia mentirosa, para que assim seja possível o estratagema da falácia e o alcance do fim proposto, que é o de enganar o povo. Que os eleitores saibam discernir as informações que lhes chegam e deem a resposta nas urnas, restabelecendo a democracia em Goiás.