A política brasileira nos reserva absurdos que não são usuais em outros países. Em Goiás, as manchetes dos jornais de hoje, 13/07, estampam um desses absurdos: "Marconi promete aprofundadas mudanças na gestão do Estado". Depois de 16 anos no poder em Goiás e em pleno exercício do terceiro mandato como Governador do Estado, Marconi adere à oposição e diz que mudanças são necessárias e urgentes. Depois de 12 anos como Governador, Marconi Perillo se vê obrigado a construir um discurso de mudança que vai contra si mesmo, como último sustentáculo a sua pretensão a um quarto mandato. É como se Perillo dissesse que, depois de 12 anos, equivocou-se e não era bem isso que queria ter feito à frente da administração goiana. Sem se preocupar com a incoerência do discurso, o staff da campanha de Perillo não se constrange em pregar que Perillo representa a mudança que o povo goiano espera em relação ao próprio Governo de Perillo. É surreal. Ao fazer oposição a si mesmo, o candidato Perillo tenta poupar o Governador, mas seus argumentos soam desconexos ao eleitor: "este é o melhor governo da história de Goiás e dos goianos", diz, mas o candidato não pode poupar o governador dos desastrosos números quanto a segurança no estado. O candidato Perillo se vê obrigado a reconhecer que durante todos os mandatos do Perillo Governador a violência mais que triplicou e que o eleitor não compactua com o governo que fez de Goiás o 4º estado mais violento do país e Goiânia a 28ª cidade mais violenta do mundo. O fato é que o eleitor goiano, tal como o Perillo candidato, entende que as mudanças são imprescindíveis, mas sem saber onde termina o Governador e começa o candidato, tem preferido apostar noutro nome.
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